a vida se impõe.

por Yasmin Wilke

Às vezes a gente leva tanto tempo para tomar decisões que a vida se encarrega por nós.

Dado os últimos acontecimentos da minha vida que (ainda) não pretendo elaborar aqui, tenho pensando bastante nessa máxima de que a vida se impõe. Os dois últimos meses foram bem difíceis, envolvendo problemas de saúde e uma sensação constante de que o pouco de controle sobre vida que tenho fugia, escorrendo por entre os meus dedos.

Tá tudo (quase) bem agora e estou vivendo (mais um) reajuste de rota. Nesse período, voltei a ouvir alguns podcasts para preencher meus dias. Em um dos primeiros episódios do Gostosas Também Choram, da Lela Brandão, ela fala sobre intuição. Mais especificamente, sobre a intuição feminina. E não tem nada de místico nesse papo, pois parte do princípio que a intuição é um sentimento manifestado a partir de uma tomada de decisão, um conhecimento inconsciente pautado em experiências anteriores.

Tal qual a Lela, eu também não usaria o adjetivo ‘intuitiva’ para me definir. Isso porque não costumo confiar muito na minha voz interna antes de qualquer parecer. Fico enrolando, debatendo o assunto incessantemente e pedindo conselhos nas sessões de terapia e/ou com pessoas próximas. Tudo sob o pretexto de ‘respeitar meu tempo’.

Até que a vida se impõe e a escolha é tomada por mim.

Na maioria das vezes, o resultado é aquele que esperava – ainda mais depois de tanto refletir sobre todos os cenários possíveis e imagináveis. Mas eu não tive agência sobre a situação, entende? Não tomei as rédeas da minha própria vida e disse ‘é assim que quero que aconteça’.

Esse é um dos pontos de atenção que levantei recentemente. Especialmente quando o assunto são aquelas decisões mais importantes e sérias – aquelas mesmas, que reajustam rotas e mudam os caminhos que seguimos. Quero confiar mais no meu discernimento nesses raros momentos que a vida nos proporciona um gostinho de ter controle sobre a situação.

No podcast, a Lela comenta sobre como a experiência masculina é diferente e a gente mal fala sobre ‘intuição masculina’ pois os homens crescem aprendendo a confiar em si mesmos, num geral. Eles simplesmente sabem – não confabulam, não passam pelo aspecto intuitivo da tomada de decisão, não precisam de (tanta) validação. Porque seria tirar deles o poder de escolha. Como mulher, esse processo é um pouco mais complexo – individualmente e coletivamente. E, talvez, parte da minha insegurança em relação à intuição venha daí: num geral, temos as nossas escolhas descredibilizadas, questionadas e até mesmo zombadas.

Ao invés de ouvir a voz dentro da minha cabeça que duvida de mim mesma e quer me calar, tenho tentado ouvir aquela outra voz, mais fraquinha e tímida, que fala “Quando você passou por tal coisa tal coisa aconteceu… E se a gente fizesse assim?”. Ainda é um esforço ativo, mas tudo nessa vida precisa de prática, não é?

Tenho fé que, logo menos, esse esforço vai se transformar em um movimento mais fluido e natural, que vou parar de confiar tanto nas vozes externas pra validarem as minhas escolhas.

E simplesmente confiar em mim mesma.


foto: Thomas Jackson faz registros etéreos usando tules coloridos!

Ei, tem mais posts aqui ó:

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6 comentários

Amanda Palma 8 de novembro de 2023 - 12:17

Já falei que o jeito que você escreve é como um abracinho? ???? É muito reconfortante. E eu não sabia que precisava deste texto até ler ele ???? amo quando você atualiza aqui!

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Yasmin Wilke 8 de novembro de 2023 - 17:08

No meu coração os emojis apareceram, ok? akjskasjakj vou consertar isso!

Obrigada demais por ter tirado um tempinho pra vir aqui, é muito especial pra mim saber que fomos de webamigas para amigas da vida real! Te amo muito!!!

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Claudia Hi 9 de novembro de 2023 - 14:19

Já cliquei pra ouvir esse podcast porque eu também me sinto assim. Tomando decisões por deixar acontecer. Eu digo pra mim mesma que é porque sou indecisa. Mas com certeza tem uma questão mais a fundo de eu não conseguir decidir nada importante na minha vida (ou nem tão importantes também :/)

Espero que as coisas por aí vão se encaixando e melhorando. Força e muitas energias positivas pra você ♥ (sim, eu acredito em energias rs)

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Yasmin Wilke 11 de novembro de 2023 - 19:04

O podcast da Lela é ótimo, né? Eu confesso que estou viciada, ouvi alguns episódios mais de uma vez, até.
Acho que mais do que indecisão, como a Lela disse, a gente é meio que criada tendo nossas decisões questionadas, então essa insegurança acaba sendo um reflexo de um problema coletivo entre mulheres… Mas boto fé que, ao percebermos essas coisas, seremos capazes de consertar o rumo das coisas!

Obrigada pelo carinho ♥ ♥ ♥ (também acredito em energias! especialmente as positivas)

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Manu 9 de novembro de 2023 - 14:27

A vida se impoe demais, e eu te entendo demais, porque por n motivos estou tbm abrindo mão do poder de escolha, pra depois me questionar sobre isso. E no fundo a gente sabe das coisas, né? Só fica tentando ignorar essa vozinha (as vezes pelos outros, as vezes por medo, enfim). Que jornada esse negócio de confiar na gente mesma.

Um abraço, Mimis!!

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Yasmin Wilke 11 de novembro de 2023 - 19:24

Eu sempre fico chocada em quão pouco controle sobre a vida a gente têm, e aí vamos lá e ploft, abrimos mão disso. Mas é bem isso, no fundo a gente sabe MUITO QUE BEM das coisas, só precisamos parar de ignorar nossa própria voz.

Uma coisa que tem funcionado comigo é escrever as coisas como se eu estivesse aconselhando uma amiga. Porque pra uma amiga eu sempre diria pra escutar a própria intuição, sabe?

Um abraço e obrigada pelo comentário, querida! ♥

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